– O APELIDO ROXO –
Ignora-se quando e porque o apelido Roxo foi acrescentado ao nome dos que o adotaram no Século XVIII na Freguesia de Santa Eulalia de Pensalves , concelho de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, Província de Traz os Montes, Portugal. Data de 1762 o registro paroquial que o consignou.
MARIA filha de Mathias Gonçalves e de sua mulher Maria Rodrigues deste lugar e Freguesia de Santa Eulália de Pensalvos da Comarca de Vila Real, neta pela parte paterna de Paulo Gonçalves e Francisca Gonçalves Roixa deste lugar, e pela parte materna neta de João Rodrigues Faram e de sua mulher Maria Martins do lugar de Carrazedo freguesia de São Pedro do Bragado; nasceu aos treze dias do mês de Dezembro, e no dia seguinte catorze do dito mez de Dezembro a batizei em casa por me virem chamar com dubita de ela escapar da vida e no dia vinte e hum veyo a Igreja buscar os Santos Óleos e mais serimonias do Batismo; foi padrinho Joam solteiro e madrinha Maria solteira ambos filhos de Gonçalo Martins e de sua mulher Maria Machada da lugar de Eiris freguesia de Nossa Senhora de Vrea de Bornes, testemunhas o Reverendo Mathias Gonçalves Maduro e José da Silva, in menoribus oie dia mez e anno supra[1]
João da Cunha do padrinho + solteiro
O Reitor Mathias Gonçalves Maduro José da Silva
No assento de óbito da Avó da batizanda está, somente, FRANCISCA GONÇALVES
Aos vinte e quatro dias do mês de Dezembro do anno de mil sette centos e vinte e sette faleceu Francisca Gonçalves mulher de Paulo Gonçalves deste lugar e freguesia de Santa Eulalia de Pensalvos a qual se confessou poucos dias antes de doente ir com as antecedencias de seu primeiro parto vindo a Igreja. Onde commungou tambem; e depois do parto lhe sobreveio um accidente no qual fui chamado para lhe dar a santa unção, deilha durante o dito accidente do qual despertou com vómitos, pello que não havia lugar de commungar, perguntei por segurança se confessara, ao que me respondeo que não digo de que lhe não lembrava cousa alguma e dahi a tempo de dois credos, pouco mais ou menos, tornou a perder a fala e não falou mais nem tam pouco deu signais teve varios accidentes nos quais a absolvi debaixo de condição e assim faleceu sem manda nem testamento, esta seu corpo enterradodentro da Igreja. Sam testemunhas tudo acima dito, seu marido Paulo Gonçalves, João Gonçálves o Reverendo Mathias Gonçalves Maduro que todos assinarão comigo aos vinte e sinco dias do mês de Dezembro de mil sette centos e vinte e sette.
Padre Mathias Gonçalves Maduro
João Gonçalves
Paulo Gonçalves
Como não foram encontrados registros anteriores, sua origem somente pode ser hipotética, nunca certeza.
Leite de Vasconcellos em sua Antroponímia Portuguesa,[2] comentando o que escreveram três linhagistas, Ferreira da Vega (1631) Severim de Faria (1655) e Villaboas (1676), em obras que considerou envelhecidas, comenta: Ainda que eles expõem algumas idéias justas, os genealogistas, como estes, imaginam que primordialmente os apelidos pertenciam quase só a nobres, e não a plebeus, que em tal hipótese os teriam adotado depois por abuso.
ROXO não constituiu qualquer título nas obras daqueles genealogistas ou de outros ou, mesmo consta na Genealogia Hebraica, Portugal e Gibraltar, secs. XVII a XX[3] ou na bibliografia especializada referente a Portugal[4 e Brasil[5] (na única em que está presente as referências são a determinados indivíduos só ou com ascendentes e/ou descendentes próximos)[6]
Acrescenta Vasconcellos[7], na sua referida obra, sobre os apelidos: Há, sem dúvida, apelidos cuja procedência histórica se determina… …há-os mais em voga numas classes que em outras… …há-os que vieram de fora, e se propagaram… …contudo a maioria deles deve ter nascido vulgo, nobilitando-se por vezes em seguida. Pela sua diversidade o filólogo distribuiu a procedência em diversos grupos a que designou classes ( subdividindo algumas ), entre as quais há uma referente aos apelidos de origem geográfica.
A serra da Falperra, já citada, nas proximidades do Concelho de Vila Pouca de Aguiar, também é denominada Serra do Roxo [8] , denominação raramente encontrada , contudo, em um pequeno mapa do concelho, publicado em A descoberta de Portugal, figura um Alto do Roxo.[9] A existência de um toponímico e de um antroponímico na mesma região cria uma relação entre ambos que justifica a hipótese do apelido ROXO, de Pensalves, ter se originado da Serra do Roxo .
[1] Não consta o ano, mas no assento anterior e no posterior estão datados de 1762
[2] LEITE DE VASCONCELLOS, J. – Antropomínia Portuguesa. Lisboa. Imprensa Nacional, 1928, p.149
[3] ABECASSIS, J.M.- Genealogia hebraica. Portugal e Gibraltar, secs. XVII a XX. Lisboa. Ed.do autor,
5v., 1916 a 1942
[4] AZEVEDO SOARES, E. de C. (Carcavellos)- Bibliografia nobiliárquica portuguesa. Braga. Ed.do autor
5v. 1916-1942
[5] MOYA, S. de- Bibliografia heráldico-genealógica, 1ª parte. In Biblioteca Genealógica Latina, v.4. São
Paulo, s.d.
[6] Bibliografia dos apelidos no Brasil. In Anuário Genealógico Latino, 10. São Paulo, 1958
[7] LEITE DE VASCONCELLOS, J.- op.cit., p. 150
[8] PINHO LEAL, A S A B – Portugal antigo e moderno. Liv. Ed.Tavares Cardoso & Irmão, 1886, v.11, p. 901
[9] SELEÇÕES DO READER’S DIGEST – A Descoberta de Portugal. Edição própria, 1982.p.66
Muitíssimo interessante!
Com certeza comprarei o livro para guardá-lo de recordação!
A família Roxo tem brasão?
tem sim, esta na pagina 33 do livro